Processos para reduzir os erros de medicação na UTI
Resumo Artigo Científico: Processos para reduzir os erros de medicação na UTI (Processes to Reduce Medication
Errors in the ICU)
Tema cada vez mais comum no dia a dia dos hospitais, a segurança do paciente vem evoluindo a passos largos em todo processo de cuidado. Hoje trazemos os Destaques do Artigo Processes to Reduce Medication Errors in the ICU, publicado em 2022 na revista ICU Management & Practice, escrito pelo farmacêutico Robert Schulman, do University college of London Hospital:
Erros relacionados a medicação são a principal causa de erro médico 🡪 78% dos erros médicos GRAVES. Principalmente durante a fase de administração!
Trabalhos mostram uma incidência de até 62% desses erros envolvendo medicamentos injetáveis em incidentes que culminaram com dano grave ou ÓBITO.
Fases que podem acontecer o erro: Prescrição, dispensação, Preparação, Administração, Transição do cuidado e monitoramento. Em todas elas, existem estratégias para mitigar as falhas.
Prescrição
Uso de prescrições em prontuário eletrônico (com alertas de alergia e interação medicamentosa) tem grande efeito na redução dos erros de medicação. Elimina falhas com letras ilegíveis, abreviações, etc., e podem ajudar em cenários dando suporte a condições em que medicamentos são indicados/ contraindicados.
É possível ainda evitar erros de dose, limitando doses máximas diárias, por exemplo, assim como prescrição por vias de administração não indicadas. Mas é preciso cautela, evitando “alertas de fadiga” com a instituição de múltiplas camadas de segurança no processo.
Dispensação
Pode ocorrer na farmácia durante a separação e preparação dos medicamentos. A dupla checagem realizada pelos profissionais na UTI ajuda a reduzir esta possibilidade.
A utilização do escaneamento de código de barras dos pacotes de medicamentos separados é outra estratégia utilizada.
Preparação e administração
Atenção principalmente aos injetáveis. Evitar interrupções e distrações durante a preparação em administrações que envolvem múltiplos passos são cruciais para que este erro não ocorra. Guias de “como preparar e administrar medicamentos injetáveis”, o uso de coletes “não perturbe! Em preparação de medicação” assim como, novamente, o uso da dupla checagem são estratégias utilizadas neste passo.
A padronização de concentrações e preparações de medicamentos pode ajudar a reduzir as falhas nesse processo. A adoção de medicamentos prontos para uso, o que acaba por reduzir o número de manipulações pelos profissionais, também parece ser interessante, porém dispende de mais armazenamento e pode ter custos mais elevados.
Transição do cuidado
A polifarmácia, o cuidado fragmentado, a descontinuação de medicamento de uso crônico e a introdução de novos durante a permanência na UTI pode ser desafiador. A reconciliação medicamentosa, por sua vez, não deve ser ignorada. A manutenção de medicamentos previamente utilizados (se possível e ainda apropriados) deve ser realizada o mais breve possível.
Estudos mostram que 60-75% dos medicamentos crônicos não são mantidos na UTI, e que em 80% dos casos não são retornados durante a permanência do paciente na unidade. Nesses mesmos pacientes, em 30% dos casos eles não são retornados mesmo quando o paciente tem alta para enfermaria. A descontinuação de forma aguda de antidepressivos, por exemplo, está associada a síndrome de abstinência e delirium.
Monitoramento
O uso de guidelines servem como balizadores, evitando prescrições inadequadas, especialmente entre os menos experientes. Entretanto, é importante lembrar que nem todos os pacientes irão se “encaixar no guideline”, e que experts devem ser capazes de individualizar a terapêutica, se necessário.
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Destaca-se ainda o papel do farmacêutico clínico, com especialização em terapia intensiva. Este tem papel importante, no que se refere a auxiliar a prática adequada em todos os processos relacionados a medicação, evitando assim a omissão de drogas necessárias, garantindo a retirada daquelas não mais requisitadas, ajustando doses e monitorando incompatibilidades e interações que possam vir a ocorrer.
Por fim, estimular um ambiente de aprendizado com discussões interdisciplinares de eventos pode ajudar a entender melhor as oportunidades de melhoria no processo, tornando assim as ações mais efetivas para evitar possíveis novos eventos no futuro.
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Resumo realizado por Dr. Eduardo Queiroz, médico intensivista e diretor da Virtus UTI.
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